Ética é um termo muito usado e pouco efetivado em seu sentido neste início de século. A mídia é o lugar onde essa discrepância é ainda mais salientada. Pornografias apresentadas como arte, explorações das desgraças alheias exibidas como notícias, assassinatos colocados em questão com relação ao assassino ser justo ou não.
Na sociedade do século XXI, o cidadão vive preso por grades com lanças pontiagudas, arame farpado e elétrico em muros altos. Os ladrões vivem soltos. Mais que isso, fazem papéis de policiais, protegendo aqueles a quem conhecem, dando ordens, impondo regimes perante a população. Para os policiais, o que sobra? Os papéis de bandidos, roubando, extorquindo, assassinando.
O desrespeito ao outro, presente na sociedade, está também na TV, no rádio, no jornal, na revista. Esta é uma relação de ovo-galinha. Quem veio primeiro? A mídia é refletora da situação. Não só refletora, mas também mantenedora ou transformadora. O jornalista, a cada matéria, mantém o sistema social ou transforma-o. Seja um ou outro, sempre está influenciando. Assim sendo, deve estar sempre colocando em relação a intensidade de sua participação no processo. Quando se dá conta disso, busca mobilizar outros a exercerem influência similar.
O jornalista deve cobrar e buscar transformar sua própria ética, a de seus colegas, para aí sim partir para a sociedade. Se ele não concorda com o modo como são retratadas as notícias, certamente buscará fazer diferente. Se esse diferente for bem feito, será reconhecido e influenciará outros com seu estilo. Outros, fazendo o mesmo, aumentarão a força, chegando à transformação social. Na sociedade aquele que mais influencia é o que transforma.
Um pensar ético não é uma alternativa profissional; é uma necessidade social. Se o descaso com a moralidade não for modificado na mídia, a sociedade continuará caminhando para o caos.
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